Em meados dos anos 70, tomei conhecimento de uma carta resposta do chefe indígena Seattle (1786/1866) à proposta do presidente dos EUA, Franklin Pearce, para comprar as terras indígenas em troca de uma reserva em 1855. Durante 20 anos segui fascinado pela beleza poética e filosófica, e atormentado, pela constatação profética das palavras desse ser humano (que liderou as tribos Suquamish, Duwamish, Samanish e Stakmish).
Com o passar do tempo e o aprofundamento das minhas pesquisas, descobri que, na verdade, o Chefe Seattle fez um discurso durante um tratado de paz em que as terras indígenas foram vendidas em troca de uma reserva em 1855. Esse discurso foi presenciado por um admirador seu, Henry A. Smith, que o publicou em um jornal local em 1887, baseado em suas lembranças sobre o discurso.
Em 1971, o discurso sofreu alterações feitas por um roteirista, Ted Perry, para um documentário com tema ecológico. A partir daí, o texto desse documentário passou a ser conhecido como a carta resposta do Chefe Seattle ao presidente norte-americano.
Embora, a autoria seja ambivalente, essa comunhão de textos, a meu ver, apresenta uma mensagem para a humanidade que se torna cada vez mais atual.
O convívio com essa ambiguadade culminou na criação da série de trabalhos denominada Projeto Seattle: Exaltação a Gaia, produzida em 1996 em forma de releitura do texto resultante desse percurso histórico denominado Carta do Chefe Seattle que, independentemente da autoria, eu acredito ser uma obra de arte e, ao mesmo tempo, uma lição de vida.
Técnica: Óleo + objetos sobre madeira
Dimensões: Vários tamanhos
Ano: 1996-2003
Observação: a carta encontra-se disponível na página: https://www.fwmartes.com.br/imprensa/114/carta-do-chefe-seattle