Em 1985, a Etiópia passou por uma crise social gravíssima com milhares de habitantes morrendo de fome.
Tocado por essa tragédia, pintei três quadros expressando a minha indignação e, inspirado em Shakespeare, usei como título para a série a frase Ser e não ter, ter e não ser, eis a Etiópia!
Sei que hoje, a Etiópia superou a crise de 85 e está em desenvolvimento social e humano. Apesar de ainda existirem problemas sociais, o país reconquistou a dignidade que todo povo merece ter.
Entretanto, em outras regiões do planeta, ainda existem povos e populações que vivem o drama de não ter o essencial para a sobrevivência enquanto outros desperdiçam, sem a menor preocupação com seu semelhante, apenas porque estes se encontram a milhares de quilômetros de distância.
Ser e não ter – A essência humana (representada pela criança) deveria valer mais que as convenções territoriais que dividem a nossa espécie. É exatamente isto o que tentei transmitir nesse quadro, onde a estrela representa o transcendental e a Terra o material, tendo como base filosófica o conceitualismo hipócrita dos quintais embandeirados.
Ter e não ser – Os poderes religiosos, políticos e econômicos mundiais, representados pelas bandeiras pintadas, têm a maior parcela de responsabilidade pela desigualdade da condição humana, já que eles têm suficiente poder de influência para alterar essa situação.
Eis a Etiópia! – A criança representa, nesse caso, todos os povos explorados que sustentam, com seu sangue e sacrifício, os países desenvolvidos e ricos.
Técnica: óleo + colagem e objetos sobre papelão de fabricação própria
Dimensões: 80 X 60
Ano: 1985-2018