O Salão de exposições do Centro Cívico de Santo André retoma suas atividades a partir de hoje, quando será aberta a esposição de Maria Bertoldi, Roberto Giannecchini e Walter Miranda, pertencente ao Projeto Beethoven, onde cada artista plástico dá sua versão pictórica para a música do famoso compositor alemão.
O projeto é dos mais interessantes: cada artista ouviu as sinfonias de Beethoven, fazendo um trabalho concernente a cada sinfonia, sendo que nos três últimos trabalhos houve a possibilidade de se usar total liberdade de criação, tendo como base principal a experiência adquirida nos trabalhos anteriores. Antes da execução das obras, os artistas fizeram um estudo conjunto sobre a vida e a música de Beethoven.
“O meu trabalho sobre as sinfonias foi feito a partir de sugestões fornecidas pelo material musical, selecionadas pelo sensível e filtradas pelo racional. O resultado, talvez questionável, está aí. Porém vale destacar como mais importante o processo criador, que trouxe á superfície mecanismos mentais e sensíveis que eu ignorava. O trabalho contínuo e disciplinado sobre um tema pode trazer consequências outras que as esperadas. Por exemplo, cabe uma suspeita íntima: se a música foi determinante de um resultado ou àlibi para liberar outras coisas, ou todavia, um catalizador" – observa Roberto Giannecchini, um dos artistas que participa da exposição.
Enock Sacramento crítico de Artes Visuais do Diário do Grande ABC, fez a apresentação dos artistas no catálogo da exposição. Vale reproduzir:
"Walter Miranda projetou nos trabalhos que realizou sobre papelão sua própria personalidade, rica e complexa. E o fez, ao mesmo tempo de forma racional e apaixonada. Uma personalidade atenta aos progressos significativos do conhecimento, e aos desatinos praticados por segmentos da sociedade em nome de ideais duvidosos, profundamente preocupada com os problemas sociais e o destino do homem na terra. No conjunto de sua obra, sente-se que fica uma mensagem de esperança."
Sobre Maria Bertoldi: "A artista deixou-se impregnar pelo componente romantico que coexiste com o sentimento trágico no conjunto das sinfonias de Beethoven. Plasmou a vida que se respira nesses poemas sinfônicos mediante representações de paisagem urbana que se vê das janelas de sua casa-ateliê, no bairro de Água Fria, em São Paulo. Trabalhou mais na linha poética da Sétima Sinfonia do que na vertente trágica da Sinfonia do Destino, a Quinta."
Sobre Roberto Giannecchini: "Gia construiu uma obra belíssima utilizando em suas esculturas-objeto perfis de alumínio fosqueado e sucatas de computadores, a elas incorporando elementos fornecidos pela tecnologia moderna como lâmpadas fluorescentes, fibras óticas rígidas, fios de poliuretano, pequenos motores e temporizadores. Algumas peças são fixas, outras se movem. A Sexta Sinfonia – A Pastoral – foi exemplarmente sintetizada na figura de um pássaro de alumínio que voa suavemente, movida por um motor de 18 Watts provido de um sistema de ressonância mecânica, acionado por um temporizador."
Para Enock Sacramento, o conjunto dos trabalhos apresentados pelos três artistas têm a marca de sua origem Beethoveniana: o espírito de fé na arte e na vida que ela reflete.
A exposição permanece no Salão de Exposições do Centro Cívico de Santo André até 3 de março, com visitação de terça a sexta, das 14 às 20 horas; Sábado e Domingo das 14 às 22 horas. (MM)