Coligado a uma emoção, um acontecimento, um fato qualquer ou mais simplesmente a uma idéia filosófica, religiosa, mágica ou cabalística, encontramos no centro desse universo – sem dúvida crítico – o olhar perscrutador de Walter Miranda, que nos observa sempre, mesmo quando não está presente.
Acervo Artístico de Emanuel Von Lauenstein Massarani
Temos a convicção que um dos pontos mais interessantes da arte de cada época é representado pelo estímulo das utopias. Existem potencialmente no homem, e desde sempre, “estados mentais“ que podem ser imunes às condições estritamente racionais e que são inexplicáveis do ponto de vista do conhecimento.
Muitos críticos afirmam que a linguagem da arte é um sistema de probabilidades, onde as improbabilidades são introduzidas com igual importância, como contribuição à história das idéias. Podemos dizer que o ser humano é uma consciência suspensa num universo desconhecido.
Do ponto de vista estritamente semântico, poderíamos acrescentar que a obra de arte é portadora de uma mensagem “ambígua”, em virtude da pluralidade de significados que lhe são atribuídos e que convivem num só contexto. A experiência consciente e racional da realidade de Walter Miranda é resultado de um método operativo que deixa de lado, propositadamente outras percepções que simplesmente chamaremos de “diferentes”.
Acreditamos que a busca do artista pode nos levar á revelação de um universo desconhecido. Assim o revela a lucidez e o detalhamento do seu desenho visionário, tanto quanto a misteriosa e irônica organização iconográfica dos seus símbolos, a sua meticulosa capacidade de perseverar com paciência o “mundo” secreto de suas elucubrações que o levaram a amadurecer alguns ícones complexos e, certamente, de difícil leitura para alguns.
No seu curioso “simbolismo” se mesclam enfaticamente algumas famílias de signos, de objetos, de produtos tecnológicos e de consumo da sociedade atual, que convivem livremente e emblematicamente com figuras que revelam a preocupação cotidiana do homem.
Coligado a uma emoção, um acontecimento, um fato qualquer ou mais simplesmente a uma idéia filosófica, religiosa, mágica ou cabalística, encontramos no centro desse universo – sem dúvida crítico – o olhar perscrutador de Walter Miranda, que nos observa sempre, mesmo quando não está presente. Em conclusão, podemos dizer que o ícone “Nada de Novo no Front”, doado pelo próprio autor ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa de São Paulo, constitui um “registro da mente” e parece trazer o sinal de um tempo que é concomitante com o espaço.
O Artista
Walter L.L. Miranda nasceu em São Paulo em 1954 e desde 1976 exerce a profissão de artista plástico. É professor de desenho, aquarela, pastel, nanquim, figura humana e pintura no Atelie Oficina FWM. Paralelamente trabalha como designer gráfico, criando embalagens, fazendo editoração eletrônica, criando folhetos publicitários, etc.
Participou de 53 Salões de Arte, 44 exposições coletivas e 12 individuais, onde obteve 15 premiações e foi homenageado duas vezes por sua atividade profissional. Suas obras encontram-se em coleções de diversos museus, instituições culturais e coleções particulares de países da América Latina e Estados Unidos.
Foi membro da Comissão Estadual de Artes Plásticas no período 1988 a 1992 e vem atuando como membro de júri em Salões de Arte, desde 1987.
Participou do Congresso Mundial sobre a Condição do Artista, organizado pela Unesco, em Paris (1997); do 1º Encontro Latino-americano de Artistas Plásticos, como representante do Brasil, em La Paz, Bolívia (1991); foi presidente do Comitê Regional Brasileiro para a AIAP – Associação Internacional de Artes Plásticas – filiada à Unesco (1989 – 1991), atuou intensamente no Congresso da AIAP, em Leon, Espanha (1989), e na 12ª Assembléia Geral da AIAP, em Madri, Espanha (1989) . Foi Presidente da Associação Pré-Sindical dos Artistas Plásticos de São Paulo.
Além de pintar um importante mural na Faculdade de Artes Plásticas de La Paz (1991) e outro mural no Museu Regional de Arte Costarriquenha (1992), o artista realiza periodicamente conferências sobre arte e escreve artigos em jornais e revistas especializadas.