Elementos de diferentes conceitos unem-se na tela. Contam uma história, narram fatos e estimulam nossa reflexão. Ultrapassam os limites da Técnica e da arte, gerando as propostas de Walter Miranda, um artista plástico conectado com o mundo.
Designer gráfico e publicitário, com amplos conhecimentos de Física e Matemática, ele estabelece uma junção de todos os seus conhecimentos numa arte plena e detalhista.
Dono de uma incrível habilidade com os materiais, explora efeitos de nanquim, guache e grafite com a mesma facilidade com que trabalha as colagens e sobreposições. Suas primeiras obras datam da década de 70, trabalhando o óleo sobre tela. Nos anos 80, começou a explorar a pintura “espirrada”, quando coincidem também as primeiras silhuetas feitas de papelão. Surge, nesse mesmo período, a figura da terra, que passa a fazer parte de todas as suas telas.
Seria arriscado definir a técnica ou o estilo de Walter Miranda. Não se trata de um trabalho escultórico nem tão pouco aleatório. Além da mensagem forte, segura e repleta de questionamentos, sua obra é rica em argumentos. Enfim uma arte que provoca o nosso pensamento.
Atualmente, Walter Miranda usa a técnica do “óleo sobre madeira mais objetos”. E desses objetos nasce a sua pintura, em que o artista aplica desde componentes de computador até fotografias, folhas secas, peças de sucata, fios elétricos, fósseis e antiguidades que variam de acordo com o tema do quadro. Para tanto, ele mantém um pequeno depósito, no qual preserva todos os objetos que encontra ou ganha dos amigos.
Em resumo, sua obra é construtivista e se desenvolve com base na Relação Áurea, seguindo proporções matemáticas precisas. A pintura é composta por várias outras pequenas pinturas, formando o todo, em telas de grandes dimensões, partindo do mínimo para o máximo.
Antes de escolher o tema, Walter Miranda desenvolve um texto, que passa a ser uma referência do processo. Nem sempre o texto é de sua autoria. Em medos de 1970, por exemplo, ele tomou conhecimento da carta-resposta do chefe indígena Seattle (1790/1866), a uma proposta do presidente dos Estados Unidos, Franklin Pearce, que intencionava comprar as terras indígenas, em 1855. Vem dessa tribo a origem da famosa cidade dos Estados Unidos. O texto gerou um fascínio ao artista e culminou na criação do Projeto Seattle – Exaltação a Gaia, que exalta a personalidade de um artista que busca a justiça, com base na coerência de atitudes. Porque os fatos interferem na criatividade de Walter Miranda: a evolução da tecnologia, os conflitos entre nações, o poder e a violência. Em 1982, ele documentou artisticamente a Guerra das Malvinas, o que lhe rendeu o Prêmio no V Salão Jovem de Santo André, com os quadros: Xeque Argentino. Xeque Inglês e Xeque Mate, os quais formam um tabuleiro que desperta para a posse das Ilhas Malvinas.
O livro de George Orwell, 1984, também mereceu se retratado na série Estigma de George Orwell, em que observamos uma crítica à política econômica brasileira.
Com a virada do Milênio, Walter Miranda retomou o desenvolvimento da série Admirável Nova Idade Média. É uma obra requisitada da série Admirável Mundo Novo, de 1986.
Em todas as sequências de seu trabalho, jamais deixou de trabalhar o figurativo. Por mais subjetivo que possa ser o tema, o espectador chega a uma conclusão. Como na exposição “Reale et Virtude”, feita em 2002 na Funarte/São Paulo, na qual ele retoma a questão iniciada em 1999, nas obras Admirável Novo Milênio, sobre a percepção da verdade e da ilusão.
Desde 1976, Walter Miranda já participou de 53 Salões de Arte, obtendo 15 prêmios. Realizou 44 exposições coletivas e 13 individuais. Tem obras no acervo de Museus, Instituições Culturais e Coleções Particulares do Brasil, Estados Unidos e América Latina. Entre eles, participa do acervo da Pinacoteca Municipal de São Paulo; Museu Nacional de Artes de La Paz – Bolívia; Museu de Artes das Américas e Museu de Arte Contemporâneo, ambos do Panamá; Museu de Arte e Desenho Contemporâneo Latino-Americano e Museu Regional de Arte Costarriquenha, sendo os dois da Costa Rica.
Mereceu Medalha de Ouro no I Salão de Artes Plásticas SPFC/Unesco, em 1987. É idealizador e co-organizador do Projeto Beethoven. Em 1991, foi convidado para participar de um mural, com 1,20 x 2,50 m, intitulado “Illimani”; além de pintar, no ano seguinte, um mural com 1,20 x 2,40 m, com o título”Para não dizer que não falei de Costa Rica”. Ambos realizados na Costa Rica, ao lado de outros grandes nomes da arte costarriquenha.