Walter Miranda
Artista Plástico

A conexão entre o máximo e o mínimo WalterMiranda

2003
Walter Miranda: O equilíbrio é o ponto básico. Representa o início e o fim da mensagem.
Consulte Arte & Decoração - texto: Silvana BaieiriDezembro de 2003

 

 

Elementos de diferentes conceitos unem-se na tela. Contam uma história, narram fatos e estimulam nossa reflexão. Ultrapassam os limites da Técnica e da arte, gerando as propostas de Walter Miranda, um artista plástico conectado com o mundo.
Designer gráfico e publicitário, com amplos conhecimentos de Física e Matemática, ele estabelece uma junção de todos os seus conhecimentos numa arte plena e detalhista.
Dono de uma incrível habilidade com os materiais, explora efeitos de nanquim, guache e grafite com a mesma facilidade com que trabalha as colagens e sobreposições. Suas primeiras obras datam da década de 70, trabalhando o óleo sobre tela. Nos anos 80, começou a explorar a pintura “espirrada”, quando coincidem também as primeiras silhuetas feitas de papelão. Surge, nesse mesmo período, a figura da terra, que passa a fazer parte de todas as suas telas.
Seria arriscado definir a técnica ou o estilo de Walter Miranda. Não se trata de um trabalho escultórico nem tão pouco aleatório. Além da mensagem forte, segura e repleta de questionamentos, sua obra é rica em argumentos. Enfim uma arte que provoca o nosso pensamento.
Atualmente, Walter Miranda usa a técnica do “óleo sobre madeira mais objetos”. E desses objetos nasce a sua pintura, em que o artista aplica desde componentes de computador até fotografias, folhas secas, peças de sucata, fios elétricos, fósseis e antiguidades que variam de acordo com o tema do quadro. Para tanto, ele mantém um pequeno depósito, no qual preserva todos os objetos que encontra ou ganha dos amigos.
Em resumo, sua obra é construtivista e se desenvolve com base na Relação Áurea, seguindo proporções matemáticas precisas. A pintura é composta por várias outras pequenas pinturas, formando o todo, em telas de grandes dimensões, partindo do mínimo para o máximo.


 

Arte em Xeque

 

 

Antes de escolher o tema, Walter Miranda desenvolve um texto, que passa a ser uma referência do processo. Nem sempre o texto é de sua autoria. Em medos de 1970, por exemplo, ele tomou conhecimento da carta-resposta do chefe indígena Seattle (1790/1866), a uma proposta do presidente dos Estados Unidos, Franklin Pearce, que intencionava comprar as terras indígenas, em 1855. Vem dessa tribo a origem da famosa cidade dos Estados Unidos. O texto gerou um fascínio ao artista e culminou na criação do Projeto Seattle – Exaltação a Gaia, que exalta a personalidade de um artista que busca a justiça, com base na coerência de atitudes. Porque os fatos interferem na criatividade de Walter Miranda: a evolução da tecnologia, os conflitos entre nações, o poder e a violência. Em 1982, ele documentou artisticamente a Guerra das Malvinas, o que lhe rendeu o Prêmio no V Salão Jovem de Santo André, com os quadros: Xeque Argentino. Xeque Inglês e Xeque Mate, os quais formam um tabuleiro que desperta para a posse das Ilhas Malvinas.
O livro de George Orwell, 1984, também mereceu se retratado na série Estigma de George Orwell, em que observamos uma crítica à política econômica brasileira.

Com a virada do Milênio, Walter Miranda retomou o desenvolvimento da série Admirável Nova Idade Média. É uma obra requisitada da série Admirável Mundo Novo, de 1986.

Em todas as sequências de seu trabalho, jamais deixou de trabalhar o figurativo. Por mais subjetivo que possa ser o tema, o espectador chega a uma conclusão. Como na exposição “Reale et Virtude”, feita em 2002 na Funarte/São Paulo, na qual ele retoma a questão iniciada em 1999, nas obras Admirável Novo Milênio, sobre a percepção da verdade e da ilusão.

Desde 1976, Walter Miranda já participou de 53 Salões de Arte, obtendo 15 prêmios. Realizou 44 exposições coletivas e 13 individuais. Tem obras no acervo de Museus, Instituições Culturais e Coleções Particulares do Brasil, Estados Unidos e América Latina. Entre eles, participa do acervo da Pinacoteca Municipal de São Paulo; Museu Nacional de Artes de La Paz – Bolívia; Museu de Artes das Américas e Museu de Arte Contemporâneo, ambos do Panamá; Museu de Arte e Desenho Contemporâneo Latino-Americano e Museu Regional de Arte Costarriquenha, sendo os dois da Costa Rica.

Mereceu Medalha de Ouro no I Salão de Artes Plásticas SPFC/Unesco, em 1987. É idealizador e co-organizador do Projeto Beethoven. Em 1991, foi convidado para participar de um mural, com 1,20 x 2,50 m, intitulado “Illimani”; além de pintar, no ano seguinte, um mural com 1,20 x 2,40 m, com o título”Para não dizer que não falei de Costa Rica”. Ambos realizados na Costa Rica, ao lado de outros grandes nomes da arte costarriquenha.

Walter Miranda
Ateliê Oficina FWM de Artes
Todos os Direitos Reservados.