Walter Miranda
Artista Plástico

Os “registros” iconográficos de Walter Miranda trazem o sinal de um tempo concomitante com o espaço

2004
Diário Oficial do Estado de São Paulo - 22 de setembro de 2004
de Emanuel Von Lauenstein Massarani

 

 

Temos a convicção de que um dos pontos mais interessantes da arte de cada época é representado pelo estímulo das utopias. Existem, potencialmente, no homem e desde sempre “estados mentais” que podem ser imunes às condições estritamente racionais e que são inexplicáveis do ponto de vista do conhecimento.
Muitos críticos afirmam que a linguagem da arte é um sistema de probabilidades, onde as improbabilidades são introduzidas com igual importância, como contribuição à história das idéias. Podemos dizer que o ser humano é uma consciência suspensa num universo desconhecido.
Do ponto de vista estritamente semântico, poderíamos acrescentar que a obra de arte é portadora de uma mensagem “ambígua”, em virtude da pluralidade de significados que lhe são atribuídos e que convivem num só contexto. A experiência consciente e racional da realidade de Walter Miranda é resultado de um método operativo que deixa de lado propositadamente outras percepções que simplesmente chamaremos de “diferentes”.
Acreditamos que a busca do artista pode nos levar á revelação de um universo desconhecido. Assim o revela a lucidez e o detalhamento do seu desenho visionário, tanto quanto à misteriosa e irônica organização iconográfica dos seus símbolos, a sua meticulosa capacidade de perseverar com paciência o “mundo” secreto de suas elocubrações que o levaram a amadurecer alguns ícones complexos e, certamente de difícil leitura para alguns.
No seu curioso “simbolismo” se mesclam enfaticamente algumas famílias de signos, de objetos, de produtos tecnológicos e de consumo da sociedade atual, que convivem livremente e emblematicamente com figuras que revelam a preocupação cotidiana do homem.
Coligado a uma emoção, um acontecimento, um fato qualquer, ou mais simplesmente a uma idéia filosófica, religiosa, mágica, ou cabalística, encontramos no centro desse universo – sem dúvida crítico – o olhar perscrutador de Walter Miranda, que nos observa sempre, mesmo quando não está presente.

Nada de Novo no Front IV

 

 

Em conclusão, podemos dizer que as obras “Nada de novo no front” e ”Para não dizer que não falei do amor III”, da série Admirável Novo Milênio (2002), realizadas em óleo e objetos sobre papelão de fabricação própria, doadas ao Acervo Artístico do Legislativo Paulista, constituem um “registro da mente” e parecem trazer o sinal de um tempo que é concomitante com o espaço.

 

Emanuel Von Lauenstein Massarani

Para N
Walter Miranda
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