Walter Miranda é um artista instigante que aborda em suas obras questões de ordem filosófica e ambiental. Seus trabalhos são planejados por meio de composições construtivistas que seguem os princípios matemáticos da Relação Áurea, já explorada por artistas como Leonardo Da Vinci, Giotto, Boticelli, Dali e outros. Além de utilizar a tradicional técnica de pintura a óleo, Walter incorpora imagens digitalizadas e vários elementos do nosso cotidiano tecnológico, tais como placas de computador, chips, hds processadores, etc. buscando instigar o imaginário do expectador e provocar reflexões filosóficas sobre a questão do uso inconsequente da tecnologia. Também faz uso de elementos da natureza como conchas, sementes, folhas, flores, terra, etc. com a intenção de provocar reflexões e avaliações pragmáticas sobre a questão do meio ambiente e do homem no planeta. Walter tem um trabalho altamente elaborado, profundo em seus temas e recheados de mensagens que serão descobertas pelo apreciador através da observação constante dos detalhes que compõe a mensagem maior que é sua própria obra de arte (redação).
O trabalho sobre o chefe indígena Seattle, Projeto Seatle - Exaltação a Gaia de 1996, é uma síntese bem clara de uma carreira artística e de uma busca constante pela justiça, pela coerência de atitudes. É uma visão que nos mostra humildade perante a mãe Terra – Gaia, presente em todos os quadros da série. O homem é questionado sobre a incoerência de seu desenvolvimento desestruturado que criou sua desintegração com a natureza. Sempre trabalhado de maneira clara e limpa, meticulosamente composto e rico em detalhes, o tema é desenvolvido em cada quadro através do fracionamento racional de retângulos com sub-temas. O uso da espiral logarítmica une os sub-temas com sua linha orgânica contrapondo-se à rigidez matemática dos retângulos áureos. Inovando, como sempre, e atualizado com seu tempo, Walter começa a inserir em seus trabalhos imagens digitalizadas, criadas e trabalhadas com grande domínio da computação gráfica. Nestes trabalhos inicia o uso mais intenso de cores e a pesquisa de texturas, dando mais vitalidade ao tema, que trata da ecologia mundial, sem nunca perder a oportunidade de questionar a atitude humana frente aos problemas sociais, ideológicos e tecnológicos, como também de buscar soluções para o retorno ao equilíbrio global.