Walter Miranda
Artista Plástico

Simetria Social - Volta Redonda 11/1989

1989

Técnica: lápis de cor sobre madeira devidamente preparada + objetos*

Dimensões: 150 x 100 cm

Ano: 1989

* Placa de computador, vidro e pássaro morto.

 

Em novembro de 1988, a invasão da Cia. Siderúrgica de Volta Redonda pelo exército brasileiro provocou a morte de três metalúrgicos que estavam em greve e ocupavam as dependências da siderúrgica. O uso extremo da força pelo exército provocou não só mortos e feridos, mas também agravos conceituais entre os trabalhadores, pois eles foram tratados como inimigos da pátria apenas por reivindicar melhores condições de vida e respeito às atividades profissionais.

 

Infelizmente, ainda nos dias de hoje, a tentativa de retirar diversos direitos dos trabalhadores continua forte e vitoriosa em muitos planos, haja vista a precarização de diversas atividades profissionais. Além disso, ultimamente, as forças policiais e militares têm sido usadas como instrumento de pressão social, às vezes até de violência física, de onde associo essa obra com o conceito de luta.

Ela apresenta em primeiro plano o perfil de três trabalhadores em contraposição ao perfil de três soldados, sendo que estes últimos são representados como imagens espelhadas dos trabalhadores, porém robotizados.

Ao fundo está a silhueta de parte da usina e os planos intermediários apresentam vários operários saindo da fábrica com os braços levantados e com máscaras protetoras para dificultar a identificação. Eles foram obrigados a sair em fila indiana com os soldados enfileirados de forma ameaçadora e empunhando rifles com baionetas. A silhueta de um tanque de guerra reforça a ideia de ameaça.

Na parte central e inferior do quadro está uma placa de computador que representa a lógica arquitetural de uma fábrica. Porém, nela foram incorporados objetos semelhantes a balas de armas militares que representam a violência usada durante a ocupação militar. Nos dois lados da placa, foram desenhadas silhuetas de armas, também em contraposição a silhuetas de esquemas industriais.

Dela partem cabos elétricos paralelos que dão sustentação ao invólucro que mantém protegido o corpo de um pássaro morto e mumificado. Este representa a vida colocada em risco pelo desrespeito ao ser humano, pois a produção material tem maior valor que a própria vida humana.

No centro do quadro está a imagem do corpo de um dos operários mortos pelas forças invasoras.

Walter Miranda
Ateliê Oficina FWM de Artes
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