A esperança é a última que morre
A ESPERANÇA É A ÚLTIMA QUE MORRE.
Em 1976, eu trabalhava em um importante banco brasileiro. Como essa profissão prejudicava meu desenvolvimento artístico, resolvi abandonar meu cargo para me dedicar exclusivamente à atividade artística. A partir daí, passei a viver sem um salário fixo e, por isso, se iniciaram as críticas familiares e dos amigos. Passei a ser taxado de vagabundo, mesmo me dedicando ao desenho e à pintura por 16 horas diárias. Muitos me aconselhavam a continuar trabalhando em banco e me dedicar às artes somente após a aposentadoria.
Foram tantas as críticas que resolvi expressar a minha indignação por meio de um quadro. Nele, pintei um jovem visto de costas a fim de representar qualquer pessoa. Ele está em uma posição que representa a tristeza e está imerso na imensa escuridão do universo. Ao seu redor algumas imagens de estrelas superexpostas representam os caminhos que o jovem pode escolher de acordo com as sugestões recebidas ou oferecidas pelo sistema social. Acima dele há uma boca que representa as críticas recebidas e as sugestões de abandono de seus sonhos a fim de obter uma remuneração mensal que lhe desse o conforto material que a maioria das pessoas almeja.
Bem distante e à esquerda na parte superior do quadro há uma pequena estrela que destoa cromaticamente das demais. Ela representa o caminho pessoal almejado pelo artista e por uma grande parcela da juventude. O percurso é difícil, mas como diz o ditado: a esperança é a última que morre.
Nunca desisti do meu sonho de me tornar um artista profissional e acho que fiz bem. Passados 43 anos de profissão, está claro que o percurso é difícil, ganha-se pouco, mas a felicidade de fazer o que se gosta o tempo todo é inigualável.
Portanto jovens, acreditem em seus sonhos e lutem por eles!
Walter Miranda - 2020