Desde a década de 1980 venho usando usado placas de computadores e diversas peças de aparelhos eletrônicos em meus trabalhos. Algumas vezes serrando e esmerilhando-as para obter formas figurativas e outras vezes explorando a própria forma geométrica delas. Normalmente as placas são usadas de forma incorporada à tradicional técnica da pintura a óleo criando um efeito visual que considero interessante.
Em 2017, pintei um quadro para a exposição “Cartografias de Gaia”, que apresentava a imagem de um por do sol urbano, cujos edifícios eram compostos por placas eletrônicas.
Em 2019, motivado por essa ideia criei a série ”Skyline” em que o fundo dos trabalhos também representam várias cenas de por do sol pintadas por meio de pinceladas expressionistas inspiradas nas paletas de cores usadas por Velazques e Turner. No primeiro plano de cada trabalho, usei diversas placas internas de celulares e controle remotos de televisores para representar prédios típicos de paisagens urbanas.
Em 2021, durante a pandemia, respeitando a composição construtivista que uso em meus quadros há várias décadas, dei continuidade à temática do por do sol e criei outra série de trabalhos cuja geometria está diretamente correlacionada com o céu e com os prédios urbanos. Entretanto, essa série é plenamente pictórica porque não incorporei placas eletrônicas. O único elemento tridimensional que se destaca na composição é a Lua, que se encontra dentro de uma cúpula de acrílico. O resultado visual geométrico e pictórico relembram algumas obras criadas por Mondrian e, por isso, a série foi denominada “Por do Sol Mondriano”.
Na sequência, criei outras obras sob a mesma temática onde a composição geométrica usada para representar o céu está baseada em inúmeros quadrados de diversos tamanhos pintados em várias camadas de tinta espirrada. Entretanto, nesse caso específico, a divisão geométrica do céu faz referências aos pixels cromáticos de imagens eletrônicas quando ampliadas ao máximo. Também resgatei a incorporação das usuais placas de computadores, celulares, jogos eletrônicos etc. Assim, a contraposição do fundo geométrico relacionado ao por do sol e as placas representativas dos prédios das cidades estabelecem ligação visual com grande parte da minha produção artística. Por isso, resolvi denominar a série de “Por do Sol Walteriano”, já que os trabalhos dessa série também apresentam uma correlação visual e metonímica entre as placas, a geometrização do céu e a interpretação que os observadores costumeiramente fazem ao visualizar meus trabalhos.
