Atemporalidade
Durante a pandemia da covid-19, recolhido em meu ateliê devido ao Lockdown eu produzi 69 trabalhos que fizeram parte da exposição “Tempo Insular” realizada em novembro de 2022 no espaço Mahavidya Cultural. Dentre esses trabalhos incluem-se a série de três pinturas denominadas Atemporalidade 1, 2 e 3.
O título da série refere-se à conscientização de que o tempo ficou paralisado durante o isolamento. De repente, o planeta se tornou onipresente na mente das pessoas de forma atemporal, íntegro. Essa sensação me inspirou a criar esses três trabalhos que mostram todos os continentes simultaneamente em uma única imagem. Por isso, aproveitei a moldura de alguns relógios de parede que eu havia ganhado por estarem quebrados.
A disseminação da pandemia por todos os continentes fez com que a maioria dos povos tomasse consciência da finitude do planeta. Em todas as regiões a poluição atmosférica e sonora se reduziu drasticamente. O silêncio imperava pelas grandes cidades. A impossibilidade de locomoção causou em muitas pessoas a sensação de um tempo congelado em que nada de diferente acontecia e, para escapar da monotonia, muitos procuraram ocupar esse tempo estático com atividades físicas em suas casas ou por meio da internet. Com isso, o planeta teve um pequeno descanso do estresse causado pelas consequências das ações de ocupação territorial desorganizada e os seres humanos puderam rever conceitos filosóficos sobre a sua existência e sobre a qualidade de vida proporcionada pela tecnologia dominada atualmente. Se isso terá resultados positivos, só o tempo dirá.